Titãs – Discografia Comentada (Final)

Titãs - A Melhor Banda de Todos Os Tempos Da Última Semana (Capa Oficial do Álbum) [www.coverbrasil-leko017.blogspot.com]

A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana (2001)

Após mais uma parada, que rendeu mais discos solos (Nando, Britto, Miklos), livros (Bellotto) e projetos paralelos (Eu e Meu Guarda Chuva, com parcerias de Branco com Ciro Pessoa), a banda voltaria ao estúdio, com Jack Endino novamente produzindo, em 2001. Mas pouco antes do início das gravações, o grupo teve que lidar com a morte de Marcelo Fromer, atropelado enquanto fazia cooper em São Paulo. Desnecessário dizer que o baque foi gigantesco, não só pela amizade do guitarrista com todos os integrantes, mas também pela espécie de “liderança velada” que o mesmo sempre exerceu na banda. Ainda assim, as gravações não demoraria a retornar, agora com Endino, assim como Emerson Villani (que entraria como músico de apoio nos shows) colaborando também com algumas partes de guitarra. O estilo seguia a linha pop-rock apresentada em Domingo, só que mais diluída. Não parece lá muito animador, e algumas coisas por aqui realmente não funcionam muito, vide as bobas “Mundo Cão” e “Alma Lavada”. Mas o resultado final não é tão ruim quanto alguns ainda hoje pensam. Todos singles (a faixa-título, “Isso” e “Epitáfio”, último grande hit do grupo) funcionam como boas canções pop, assim como “Um Morto de Férias” e as um pouco mais agressivas – ainda que meio pueris – “Vamos ao Trabalho” e “Cuidado Com Você”. E entre músicas meio burocráticas (“Bom Gosto”, “Não Fuja da Dor”), há duas ótimas canções solo de Nando, “O Mundo é Bão Sebastião” e “Mesmo Sozinho”, uma bela balada que, francamente, não soa como os Titãs – curiosamente, “È Bom Desconfiar”, sua composição mais com a cara do grupo, é fraquinha. Era uma mostra do distanciamento cada vez maior do baixista com o resto da banda, o qual desencadearia na sua saída logo no ano seguinte ao lançamento desse disco.

NOTA: 6



080a727431abb443ff44c0d550b174da.953x953x1

Como Estão Vocês (2003)

Cinco integrantes haviam restado dentro do grupo, algo mais habitual pra bandas de rock do que as oito cabeças do passado. E logo após Nando puxar o carro, os remanescente se reuniram com Liminha e reapareceram com um novo trabalho na praça, Como Estão Vocês. A persistência talvez fosse louvável, mas infelizmente isso não se refletiu em uma boa safra de novas composições. A diluição da fórmula que já vinha acontecendo no disco anterior aumentou ainda mais por aqui, resultando em rockinhos e baladas totalmente previsíveis e genéricos, além de algumas letras francamente constrangedoras, como acontece em “Nós Estamos Bem”. Talvez dê pra salvar desse marasmo a decente “Provas de Amor”, a parceria de Branco e Belloto com Arnaldo Antunes “Esperando Pra Atravessar a Rua”, e vá lá, “Gina Superstar”. Já o single “Eu Não Sou Um Bom Lugar” soaria melhor com um refrão menos chinfrim, assim como “Ser Estranho” carece de um vocal mais adequado – botar Branco Mello pra cantar uma balada é piada. E se Britto acertava em “Pelo Avesso” – ainda que a mesma careça de um arranjo um pouco mais vigoroso – também errava feio na pavorosa “Enquanto Houver Sol”, uma clara tentativa de repetir o sucesso de “Epitáfio”. O saldo final do primeiro registro como quinteto não foi bonito, e mais uma vez botou uma pulga atrás da orelha dos fãs e da crítica sobre o futuro do grupo.

NOTA: 4



titas

MTV Ao Vivo (2005)

Até a metade dos anos 2000 (por coincidência, época de lançamento desse disco), era de praxe pra qualquer banda do rock nacional lançar algum registro com a marca MTV. E como um acústico os Titãs já haviam feito – dando início a toda essa moda, por sinal – restou um ao vivo elétrico pra tentarem elevar o nome junto ao público novamente. Acompanhados por Lee Marcucci (ex-Tutti Frutti, Rádio Táxi) no baixo e pelo já citado Emerson Villani na segunda guitarra, a banda até que conseguiu registrar um bom show, mesclando clássicos manjados (“Polícia, “Bichos Escrotos”, “Lugar Nenhum”), músicas dos discos mais recentes à época (“Vou Duvidar”, “Vamos Ao Trabalho”) e até algumas canções pouco lembradas (“Mentiras”, “Eu Não Sei Fazer Música”). Tudo muito bem tocado e executado – embora sempre exista a possibilidade do overdub, como de costume, ter comido solto por aqui. Havia também três músicas inéditas, as boas (mas não memoráveis) “Vossa Excelência” – com mais uma letra meio “rebelde sem causa” – “Anjo Exterminador” e “O Inferno São Os Outros”, além de uma cover francamente desnecessária de Roberto Carlos (“O Portão”). E ainda como novidade, em canções como “Não Vou Lutar” e “Nem Sempre se Pode Ser Deus”, Branco assumia o baixo e Paulo a guitarra, numa formação sem músicos de apoio que permaneceria no próximo álbum de inéditas.

NOTA: 7



Titas-Sacos_Plasticos-Frontal

Sacos Plásticos (2009)

Com os ânimos aparentemente renovados e Paulo e Branco em suas novas funções, esperava-se que o primeiro álbum com essa formação ainda mais reduzida – sem músicos de apoio dessa vez – recolocasse os Titãs nos trilhos novamente. Mas nada poderia ter dado mais errado. Sacos Plásticos foi produzido por Rick Bonadio, o que já causou desconfiança desde o início, graças a suas referências mais conhecidas (Mamonas Assassinas, Charlie Brown Jr., CPM 22, NX Zero). E seja por culpa dele ou não – afinal, o produtor não compôs as músicas – o disco é um dos piores da história do rock brasileiro, com tudo de pior que a banda havia feito em trabalhos recentes: rocks fracos e sem punch (“Amor Por Dinheiro”, “A Estrada”), péssimas letras (a faixa título em especial), e baladas que causam diabetes de tão açucaradas (“Deixa Eu Sangrar”, “Quem Vai Salvar Você do Mundo”), tudo em doses cavalares. Pra piorar, houve uma certa volta aos experimentos eletrônicos do final dos anos 80, que não poderiam ter soado piores e mais datados, e colaboraram ainda mais pra estragar canções já ruins como “Múmias” e “Problema” – duas das piores já feitas pela banda. A sonolenta “Antes de Você” foi usada como principal faixa de divulgação, entrando até em novela, mas assim como o disco, não emplacou – merecidamente. E se a moral já estava no fundo do poço, tudo ficou ainda pior com a saída de Charles Gavin no início de 2010, que deixou a banda com apenas metade da formação clássica. O fim parecia próximo.

NOTA: 3



titãs-nheengatu-capa

Nheengatu (2014)

Embora os últimos discos jogassem contra essa afirmação, ninguém nos Titãs é burro. Vendo que havia atingido o ponto mais baixo da carreira, a banda tratou de fazer o que quase toda banda de rock faz nessas situações: uma espécie de volta às raízes. Agora com Mario Fabre na bateria, começaram esse processo com uma turnê em comemoração aos 25 anos do lançamento de Cabeça Dinossauro, que depois se intercalou com as comemorações de trinta anos da formação da banda. Nesse meio tempo, o grupo continuou compondo material novo, o qual foi finalmente registrado e lançado em Nheengatu, em 2014. As canções em geral seguiam uma linha mais crua, que remetiam bastante ao disco mais emblemático (já citado) do grupo. Nada muito novo, mas ao menos soava melhor do que qualquer coisa feita no álbum anterior – não que fosse muito difícil. Músicas como “Fardado”, “Pedofilia” (provavelmente a melhor de todas) e “Chegada ao Brasil (Terra à Vista)”, se não eram exatamente novos clássicos, ao menos convenciam. Claro que haviam pontos fracos, como a dispensável “Fala Renata”, além de mais algumas letras fraquinhas, mas isso era compensado por canções como “Cadáver Sobre Cadáver” – mais uma parceria com Arnaldo – “Mensageiro da Desgraça” e “Baião de Dois”. E é engraçado como os Titãs parecem dispostos a regravar as mesmas músicas que o Camisa de Vênus regravou em Duplo Sentido (1987): a escolhida da vez foi “Canalha”, de Walter Franco. Um sopro de vida de uma banda que parecia incapaz de oferecer bons trabalhos novamente, e uma boa despedida à Paulo Miklos, que saiu no ano passado e foi substituído por Beto Lee. Resta agora ficar atento aos próximos capítulos dessa história…

NOTA: 7

Deixe um comentário